segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Mais uma desmistificação de um clássico infantil

No tempo em que os animais falavam e, portanto, o ser humano andava por aí coberto de pêlos a tiritar com frio porque ainda não tinha descoberto o fogo, aconteceram episódios com a sua piada e que chegaram até aos nossos dias, disfarçados de alegorias ou fábulas.

O problema das alegorias e das fábulas é que, seguindo a lógica muito humana de que "quem conta um conto acrescenta um ponto", alteraram muito a verdade de alguns factos. Há coisas que na verdade não se passaram como rezam as crónicas e cuja moral é inexistente.

Tudo isto para vos dar a conhecer a verdadeira história da Cigarra e da Formiga...

Há muito, muito, muito, muito tempo e talvez numa galáxia muito, muito, muito distante, a bicharada vivia em comunidades organizadas e havia de tudo. Mochos e corujas letrados, gatos com queda para moda (sobretudo a sapataria...) e cigarras cantoras que levavam fãs ao rubro. Grandes sucessos como "Cri Cri Cri Fazem as minhas asas" ou "Sou Cigarra com C e não com S" faziam as maravilhas da comunidade insectívora. Os grilos eram grandes tenores e barítonos e eram mais apreciados pelas elites melómanas.

Adiante...

Havia naqueles tempos uma grande vedeta, a Cigarra CiCi. Todos os grandes sucessos da rádio, TV, disco, cassete pirata, CD, DVD, eram protagonizados pela CiCi. Como qualquer artista que se preze, a CiCi tinha um agente, um 'manager' e uma secretária particular/assistente/pau para toda a obra. Ora, essa secretária particular/assistente/pau para toda a obra era a Formiga Fami, que trabalhava como uma louca para atender a todos os caprichos da sua exigente patroa. A qualquer hora do dia ou da noite a Fami tinha de estar sempre a postos para acudir à CiCi, quando lhe davam os achaques, quando era preciso responder a um fã mais insistente, para lhe passar as asas a ferro... enfim... era uma trabalheira!

Acontece, porém, que a Fami era trabalhadora mas também era esperta e tinha conhecimento de segredos escabrosos da CiCi que sabia valerem muito dinheiro. Além disso, a Fami tinha um escaldante 'affair' com o agente da CiCi, que era um trombudo elefante chamado Babar que metia bastante respeito e conseguia tudo o que queria para a sua cliente e que lhe tratava de todas as questões financeiras.

Estando já um pouco saturada do mau feitio da CiCi e tendo chegado ao seu limite, a Fami decidiu dar o golpe. Por um lado vendeu à imprensa , por muito bom dinheiro, todas as histórias escabrosas que tinha sobre a CiCi e, por outro, arranjou maneira de ter acesso às contas bancárias da CiCi através do computador do Babar e sacou-lhe quase todo o dinheiro.

Com o produto do seu labor, a Fami apanhou um avião para um país paradisíaco, sem acordos de extradição e com leis muito restritas no que toca ao sigilo bancário e viveu uma longa vida de conforto e mordomias. Nunca mais trabalhou na vida!

A CiCi ainda canta, mas como a Fami a desgraçou, teve de começar tudo de novo. Não está na miséria, mas não é a vedeta de outros tempos.

Moral da história?!... Não há! Trata-se precisamente de uma história sem moral!

1 comentário:

Fada disse...

Pode ser uma história sem moral, mas nada improvável! :p