domingo, 30 de novembro de 2008

No meu tempo... (parte I)*

Cheguei a um ponto da minha vida em que dou por mim a dizer "no meu tempo" e em que ninguém fica a olhar para mim com olhar de gozo como quem diz "olha-me esta, armada em 'sabedora'".

Não... ficam a olhar para mim com um ar interessado (ou seja, com ar de "ah... deixa cá ver o que esta tem para me dizer, do alto da sua sapiência dos trinta e tais") e escutam o que tenho para dizer.

Não há nada mais desconcertante do que termos pessoas a olhar para nós como se fôssemos velhas anciãs trintonas.

Mas, nesta senda do "no meu tempo", eu realmente deparo-me com coisas que hoje me são completamente estranhas.

A primeira são as questões relativas à educação.
No meu tempo havia os seguintes níveis de escolaridade
- Infantil
- Pré-primária
- Primária
- Ciclo preparatório
- Ensino secundário
- Ensino complementar
- Universidade (ou não....)

Agora não entendo bem como é que isto funciona, porque me falam em ensino básico e em ensino não sei das quantas, e sinceramente eu fico confusa. Não sei nunca se as crianças estão ainda a fazer trabalhos em papel machê ou se já estão a aprender a calcular a raiz quadrada à mão.

No meu tempo era preciso estudar para passar o ano, a malta chumbava com 3 negativas e também chumbava por faltas. Havia os senhores contínuos e as senhoras contínuas.

Hoje, parece que os miúdos podem ou não estudar, podem ou não ir às aulas, porque aparentemente não chumbam. E os senhores contínuos e as senhoras contínuas são mui pomposamente designados "auxiliares de acção educativa".

No meu tempo....

... ter-se nascido na década de 70 era sinal de juventude!!!

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* Esta temática tem ainda o seu lugar neste espaço... Vai haver algumas sequelas ao estilo de alguns filmes irritantes. Tenham lá paciência!

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6 comentários:

Anónimo disse...

Olha, eu não sou do teu tempo e já utilizo a expressão "no meu tempo é que era...". No meu tempo, a escolaridade ainda era como descreves, inclusive a penosa, atroz, maldita licenciatura de 5 anos. Agora tudo que é idiota é licenciado em 3 anos e metem-se logo a fazer mestrados. Nós nascemos muito cedo, numa era em que a vida não era facilitada =)

PKB disse...

Podes crer! No 3º ano de Direito andávamos a penar com o mobiliário mais pesado (os cadeirões) e com esta coisa dos três nem sei como é que aprendem seja o que for.

Nascemos realmente numa altura em que fomos logo ensinados de que tínhamos de estudar e trabalhar para conseguirmos atingir os nossos objectivos.

Criámos calo! =)

Rafeiro Perfumado disse...

Não te canses, fica-te por uma certeza imutável: quem nasceu na década de 70 pertence à geração melhor que já se fez, o resto é paisagem! Beijoca!

PKB disse...

Rafeiro Perfumado:
Realmente toda a geração nascida nessa década é do melhor que há! =)
Beijocas!
(Uma geração que viu e cantou a banda sonora da Abelha Maia só pode ser uma geração vencedora!)

morcego persistente disse...

Eu não nasci na década de 70, e sim apanhei também a escolaridade que descreves. Demorei-me um pouco mais no secundário e como tal "apanhei" o tratado de bolonha a meio do meu curso... Num dos comentários diz-se:"Agora tudo que é idiota é licenciado em 3 anos e metem-se logo a fazer mestrados." Eu não tive sequer outra hipótese, e aliás veio dar-me cabo de um ano...Quanto aos mestrados, quem não os tirar (dependendo dos cursos, eu falo do meu) é um irresponsável, porque sim, com os 3anos não aprendes quase nada.
Concordo com tudo, existe uma maior facilidade para os nossos jovens que não existia outrora. Eu nunca desrespeitei um professor como vou ouvindo que acontece ultimamente.
Sou encarregado de educação, e qual não é o meu espanto quando no ano passado, ao ir receber as notas do educando me deparo com frases do tipo: "fizemos tudo para aquele aluno passar, mas não deu mesmo"...hello!!! Quem tem que fazer de tudo é o aluno, digo eu não sei...

Eu nasci na década de 80 e também já digo...no meu tempo...

Gostei do espaço, voltarei se me permites.

Tixa

PKB disse...

Tixa, és muito bem vinda!

Esta coisa das estatísticas e de termos mais pessoal no ensino superior para acompanhar o nível europeu dá nisto... tudo para fazer número e fazer boa figura lá fora na UE.

Hoje em dia, creio que só se apercebe que tem de trabalhar e estudar quem tem a ambição de tirar um curso mais complicado ou quem tenha ambições muito definidas quanto a uma carreira numa área tecnicamente exigente. Mas a percentagem de adolescentes com as ideias tão claras é muito rara. Tão rara, que quando se encontram, são notícia do telejornal e do Expresso...

Beijinhos!