Chamava-se Maria Carlota Albuquerque Mascarenhas Capello Rosso e fazia parte de uma das famílias mais ricas e poderosas do seu país. Desde a infância e até ao liceu andou sempre nos melhores colégios religiosos que havia para frequentar: desde os Maristas, passando pelos Salezianos, pelo Sagrado Coração de Maria e até aos Jesuítas.
A Maria Carlota era uma miúda tradicional, católica, monárquica. Adorava fados, touros, e fazia parte da acção social da universidade que estava a frequentar - obviamente uma universidade Católica!
Na universidade onde andava a Carlota andava um rapaz, o Afonso Maria Vasconcelos Cunha e Sá de Villalobos, a quem todos tratavam por Lobo Mau por ser um gajo rebelde, rufia, que tinha sido expulso de todos os colégios e acabara por entrar na universidade Católica por ser também proveniente de famílias poderosas e com bastante influência.
O Lobo Mau tinha a fama - e algum proveito - de "desencaminhar" as meninas mais finas e mais selectas da sociedade daquele país. Havia naquela universidade pelo menos umas 3 ou 4 meninas que foram "desencaminhadas" pelo Lobo Mau e que eram agora olhadas com algum desdém pelas invejosas que se pelavam por um pouco de aventura com aquele personagem.
Mas o Lobo Mau já tinha escolhido a sua próxima vítima: a Maria Carlota. Com o seu 1,50 de altura, os seus 48 kg, o seu cabelo comprido bem ruivo e o seu ar virginal, era mesmo o tipo do Lobo. Por seu lado, a Maria Carlota não queria saber do rapaz para nada. Era uma miúda inteligente e até algo arrogante, que não deixava aproximar-se de si qualquer pé rapado, por muito influente que fosse a proveniência. O Lobo Mau era persona non grata na família de qualquer menina de bem, incluindo na da Maria Carlota.
Às 4ªs feiras a Maria Carlota tinha por hábito ir visitar a avó ao lar de terceira idade para velhotas ricas que havia numa zona um pouco remota da cidade onde estudava. E nesses dias, contrariamente ao que acontecia normalmente, a Maria Carlota não ia visitar a avó ao volante do seu Audi A3, mas sim no transporte público. O Lobo Mau topou os hábitos da miúda e começou a segui-la sem ela dar por isso.
Certa vez a Maria Carlota chega ao lar, entra no quarto da avó, mas esta não estava. Procurou na sala de jantar, na sala da televisão, no jardim... e de repente depara com o Lobo Mau a oferecer pastelinhos de Belém à avózinha e a declarar-se completamente apaixonado pela neta.
"Ahhh... meu grande estúpido! A avózinha tem Alzheimer! Ela sabe lá quem tu és! Sabe lá que tem neta! Sai daí! Deixa a minha avó em paz!"
O Lobo Mau levanta-se, olha para ela, dirige-se para ela fixando o seu olhar no dela, aproxima-se, abraça-a, dá-lhe um linguadão de se lhe tirar o chapéu e diz-lhe: "minha ruiva linda, meu capuchinho vermelho, para que queres tu o príncipe? aqui o Lobo Mau vê-te melhor, ouve-te melhor e se te portares bem... ainda de come!"
A Maria Carlota não resistiu! Fechou-se no quarto da avó com o Lobo Mau e, ali mesmo, na cama de grades da avózinha, foi "desencaminhada" a tarde toda pelo Lobo Mau que ao fim do dia já pedia clemência e algum descanso!
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Posfácio:
- Uma vez que não utilizaram qualquer protecção, a Maria Carlota ficou de esperanças. Sendo católica, não abortou. Sendo de boas famílias, não ficou mãe solteira. Casou com o Lobo Mau, de quem se veio a divorciar uns anos mais tarde, porque se apaixonou loucamente por estrangeiro chamadao Chareck.